skip to main | skip to sidebar

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Marioneta ou a ilusão de liberdade

Queria começar por lhe dar os parabéns. Parabéns.
Fico contente por você, fico contente mesmo. Porque é bom ver, saber que alguém está a fazer algo em que acredita.

Fico contente que você esteja a seguir todas as normas sociais; que você penteia o seu cabelo, veste calças compridas, calça sapatos fechados;
que você use sapatos sujos e considera “normal” porque todo mundo os usa sujos mas, considera errado sentar-se à mesa com o boné posto. Fico contente por você tirar os seus óculos escuros quando fala com alguém, por não pôr o chapéu dentro de casa, po não falar de boca cheia, por não andar com comida na mão, por não beber água suja.

Fico contente que você seja a favor das pessoas vestirem de forma decente mas, mesmo assim você vai à praia e tira sua roupa; e por em sua argumentar que isso é normal.
Fico contente que você seja contra a pornografia, mas não se importa de ver as novelas e os filmes com aquele circulo vermelho pequenino (ou M/18, oh, agora é M/16), que você considera as inovações uma indecência mas, põe em prática na sua mente o livro da Kamasutra com todas as pessoas que vê pela rua.

Fico contente que você seja contra a violência mas, não se importe de ver um bom filme de acção, e nem se importe de dar uns tapas nos seus filhos de vez em quando, como manda a tradição.

Fico contente por você ir à missa no domingo, por acreditar em Deus, por acreditar que todos somos irmãos e que devemos amar ao próximo como a nós mesmos. Embora eu não entenda porquê você não dá sua outra face quando uma pessoa lhe bate numa face, nem porque você não deixa um irmão dormir em sua casa, porque você não divide seus bens com os seus “irmãos”. Até entendo que dar uma esmola de vez em quando para além de lhe fazer ficar bem visto pela sociedade também aumenta seu passaporte para o céu.

Fico contente que você apesar de acreditar em Deus, entrega para a polícia o ladrão que assalta sua casa, que você apoie a pena de morte; que você seja capaz de sacrificar todos ao seu redor mas não a si mesmo.
Fico contente que você defenda a igualdade mas, não aceita que alguém que trabalha o mesmo que você receba mais do que você, que você considere os bens materiais coisas superficiais mas no entanto mude de carro todos os anos.

Fico contente que você acredite em algo, passe a palavra e agir segundo o que acredita… mas, fico intrigado em saber que na verdade o que você quer fazer é completamente o oposto.

1 coisa(s) escrita(s) depois:

  1. Anónimo 24.10.09

    É verdade. As pessoas mais santinhas são as mais diabinhas. Dizem para fazermos uma coisa porque é para o nosso bem mas eles não a fazem. São aquelas pessoas que não acreditam no produto que vendem mas fazem os outros acreditar.

Enviar um comentário

Aí pela web

2leep.com

Seguidores via NetworkedBlogs